Em primeiro momento, os quadrinhos não possuem a mínima intenção de provocar questionamentos sobre a natureza das relações humanas. Essa expressão literária, em sua essência maior, procura difundir sua linguagem no sentido de causar, na cabeça do leitor, muitas vezes com bases no surreal, certa satisfação fantasiosa. Embora, não se pode negar, que os quadrinhos usam uma visão de mundo distorcida para reproduzir linhas gerais do pensamento humano. Sejam elas coerentes ou não, essa reprodução costuma vir em roupagens nada convencionais. É isso que garante originalidade de qualquer arte, e nos quadrinhos isso não é diferente.
Eu costumo pensar que a tendência maior dos quadrinhos sempre foi caminhar em paralelo com a tendência atual do comportamento dos leitores. Causar empatia aos seus anseios naturais. Em contrapartida, também penso que as obras atuais, principalmente aquelas que, teoricamente seriam direcionadas aos públicos mais jovens, se esforçam cada vez mais em conversar com o público mais velho. Do mesmo modo, isso me faz questionar também, se esse efeito não é uma mera reflexão da natureza que se prevalece em um público mais velho, de produzir e consumir conteúdo ficcional de profunda base no que chamo de absurdo que faz sentido.
Nesses dois quadrinhos temos exemplos de histórias que falam com o leitor nas bases do absurdo que faz sentido. Talvez, Apenas um Show seja um dos exemplos mais fortes desse movimento. Na edição #6 você verá os exageros que existem no segmento pretensioso de arte de rua, o graffiti. Na edição #7 será a vez de acompanharmos como a mais recente tendência obsessiva por selfies pode levar as pessoas a mostrarem facetas das quais querem esconder.
Tradução e Diagramação: Hefesto Salazar
Revisão: Ichigo H